A estatística Celene Raposo de Aquino sofria do mal de
Parkinson e estava inconsciente numa UTI há 5 meses
TRE ludibriado: Celene “assina” como responsável 19
dias depois de morta
Levantamento sobre intenção de voto para o governo do Estado e para o Senado
da República, feito pela Econométrica e publicada no sábado passado pela TV
Guará e Jornal Pequeno, é uma fraude. Uma das exigências capitais da Justiça
Eleitoral para esse tipo de trabalho, em ano de eleições, é que um profissional
de estatística se responsabilize pela metodologia aplicada e pelos números
apurados. E quem assina a pesquisa da Econométrica, a professora Celene Raposo
de Aquino, estava morta 19 dias antes do registro que foi feito no Tribunal
Regional Eleitoral do Maranhão em 26 de agosto.
Nota fiscal
emitida pela Econométrico com endereço que não é do instituto
Celene faria 81 anos de idade em 14 de novembro, mas estava há dois anos com mal de Parkinson e os últimos 5 meses de vida foram num leito de UTI do Hospital São Domingos. Morreu no dia 7 de agosto. Ela foi diretora do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público do Estado, professora universitária e em algum tempo chancelou pesquisas da Econométrica, como se pode conferir em registros anteriores no TRE. Nesse levantamento da semana passada, mesmo depois de morta, teve seu nome utilizado para “esquentar” números que foram festejados em todas as redes sociais pelos aliados do candidato à reeleição Flávio Dino, do PCdoB.
Pelo que se apurou ontem, passados 28 dias da morte, os donos da
Econométrica nem tomaram conhecimento do falecimento da professora Celene. Em
telefonema gravado (para fins de comprovação jornalística), o diretor Sérgio
Zibicueta diz que “no momento a professora não está, deve estar em casa”. E
chega a fornecer o telefone da residência da família. Quem atende é o viúvo da
professora, que confirma: “ela não está mais entre a gente. Ela se foi dia 7
passado, complicações cardíacas, na UTI do São Domingos, em decorrência do mal
de Parkinson”
Aviso do
falecimento, emitido pelo SINTSEP
NÚMEROS ESQUISITOS
A pesquisa da Econométrica, que atribui responsabilidades técnicas a uma
pessoa morta, saiu sete dias depois do levantamento do Ibope e infla em quase
20 pontos percentuais as intenções de voto para Flávio Dino. Ela já vinha sendo
contestada por ser um dos herdeiros do instituto o estatístico Jorge Zibicueta
Goig, nomeado por Flávio Dino em cargo com conceito de “isolado” (de salário
mais elevado) e de ainda fazer parte de dois conselhos governamentais, o
chamado “Conselhão” e o da Emap, os mais generosos em distribuição de jetons,
cada um de cerca de R$ 30 mil.
Descobriu-se, ontem, mais um detalhe no mínimo suspeito sobre o negócio
feito entre a Econométrica e a emissora de TV que contratou os serviços. O
endereço que aparece na nota fiscal, no valor de R$ 30 mil, é de uma casa
residencial modesta da Rua 103, Quadra 52, do Maiobão, Paço do Lumiar. O
Instituto, um dos mais conhecidos e longevos do Maranhão, sempre foi na Rua das
Paparaúbas, no São Francisco, em São Luís, onde funciona até hoje, com placa na
porta.