Lava Jato: senha de Flávio ‘Cuba’ Dino era ‘Charuto’

terça-feira, 18 de abril de 2017

Documentos obtidos com exclusividade pelo ATUAL7 relacionados à Lava Jato mostram que a senha de Flávio Dino (PCdoB) na planilha de propina da Odebrecht era ‘Charuto’. A documentação faz parte da lista de registros criptografados entregue ao Ministério Público Federal pelo ex-executivo Benedicto Barbosa da Silva Júnior, conhecido como BJ, que comandava o Setor de Operações Estruturadas da empreiteira, o chamado “departamento da propina” a políticos e agentes públicos.

Na planilha da Odebrecht, o codinome de Dino era ‘Cuba’ — em possível alusão ao Projeto de Lei de interesse do grupo na Câmara dos Deputados, então sob a Relatoria do comunista. À época, ele exercia o mandato de deputado federal e recebeu, segundo o ex-funcionário da Odebrecht José de Carvalho Filho, R$ 200 mil em caixa dois para a campanha eleitoral de 2010, quando disputou o Palácio dos Leões pela primeira vez. Outros R$ 200 mil, já na campanha eleitoral de 2014, teriam sido repassados de forma oficial para o comunista.

Pelo documento, a ajuda financeira foi repassada no dia 19 de agosto daquele ano, no Distrito Federal. “Tutar” é o prestador de serviços — como era chamado o “operador” do mercado financeiro legal, doleiros, lobistas e ex-executivos que trabalhavam fora dos quadros da Odebrecht — identificado como o entregador do dinheiro. O documento confirma, ainda, que o DS da Odebrecht responsável pela negociação foi José de Carvalho Filho, e que os prestadores foram BJ e o ex-executivo Cláudio Melo Filho, conhecido como CMF. Baixe a planilha completa e confira o codinome e senha do comunista na página 4.

As informações vieram do sistema Drousys, um programa criado para controlar os pagamentos ilegais, e são relativos aos anos de 2008 a 2014.


O CHARUTO DE CUBA - Governador do Maranhão é identificado como ‘Cuba’ na planilha de propina do ex-Odebrecht Benedicto Júnior. Esquema entre a empreiteira, políticos e agentes públicos foi desbaratado pela Polícia Federal na Operação Lava Jato.

Segundo apurou a Procuradoria-Geral da República (PRG) durante o acordo de delação premiada do ex-executivo Hilberto Mascarelhas Alves Silva Filho, o esquema de codinomes e senhas para identificar a pessoa a quem deveria ser entregue o dinheiro por fora funcionava da seguinte forma: o interessado na ajuda financeira escolhia um local para entrega e recebia uma senha – por exemplo, “Charuto”. No dia combinado, o enviado pela pessoa que receberia o repasse dizia ao entregador: “vim pegar meu charuto” e o valor combinado. Então, recebia o dinheiro.

Ainda segundo o delator, o caminho da propina acontecia da seguinte maneira: quem combinava o repasse com o interessado era o gerente da obra – no caso de Dino, José Filho. Ele perguntava onde a pessoa queria receber o dinheiro. “Quando a pessoa chegar lá você tem que dar a senha, senão ela não entrega. Vira e vai embora”, revelou.

Além de Marcelo e Emílio Odebrecht, os principais delatores do maior esquema de corrupção no país já desbaratado pela Polícia Federal são Benedicto Junior, Cláudio Filho e Hilberto Mascarenhas. Este último e José de Carvalho Filho são os dois delatores oficialmente apontados pela PGR no pedido de abertura de inquérito contra Flávio Dino, por indícios de crime. O pedido foi feito ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), após autorização do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo.

Distrito Federal e São Paulo

Entre os documentos entregue ao MPF pelos delatores, há ainda um do ex-Odebrecht Cláudio Filho – já publicado pelo jornalista Marco Aurélio D’Eça – que também aponta para ‘Cuba’ como o codinome de Flávio Dino no esquema.

Também detalhada, a planilha bate com o valor, data de repasse do caixa dois e com o responsável pela negociação informados no documento fornecido por BJ, porém aponta que o pagamento para o comunista teria sido feito em São Paulo.


FLÁVIO ‘CUBA’ DINO - Planilha do ex-Odebrecht Cláudio Melo Filho também identificado Flávio Dino como o ‘Cuba’. Comunista é suspeito de pegar R$ 200 mil por fora da empreiteira para a campanha de 2010

Nas redes sociais, Dino nega veementemente que tenha cometido qualquer ilícito e recebido dinheiro por fora da Odebrecht. O comunista, que se diz indignado com a citação de seu nome na Lava Jato, tem recebido o apoio de um punhado de aliados, que também garantem sua inocência.

Deu no Atual 7
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