A Assembleia Legislativa do Maranhão vivenciou hoje (15) uma sessão plenária que deve entrar para história do Estado. Em meio à manipulação política da Casa, à independência de alguns deputados e às expressões de revolta dos professores, foi antecipada a votação da Medida Provisória 230/17, do Executivo, que altera o Estatuto do Magistério e nega reajuste de vencimentos aos professores.
De forma sutil e sem qualquer respaldo no Regimento Interno da Assembleia Legislativa, os deputados que integram a Base do Governo anteciparam a votação, que deveria acontecer amanhã (16), para hoje. Ao que parece, a ação foi motivada com o objetivo de impedir que professores acompanhassem a votação e, então, soubessem quais os parlamentares que votariam contra.
“Eles nos desrespeitaram duas vezes: primeiro, quando tentaram nos excluir e impedir que assistíssemos a votação. Depois, porque votaram de acordo com o que o Governador mandou e não em respeito a nós, professores, já que o que nós queremos é que concedam o reajuste de 19,87% sob o vencimento (retroativo 2016 e 2017) e não apenas a gratificação. Isso não é favor. É obrigação”, lamentou a professora Ilda Silva.
O posicionamento da maioria dos deputados da Assembleia gerou descontentamento por parte dos professores.
“Eu não consigo entender o motivo pelo qual essa Assembleia aprovou reajuste para servidores do TJ, do TCE e da própria Assembleia em cima do vencimento e, para nós, o Governo quer dar em cima da gratificação. São dois pesos e duas medidas? Eles mentem dizendo que nós temos o maior piso salarial. Como isso seria verdade? Nem reajuste de vencimentos tivemos”, desabafou Jairon Martins, professor da Rede Pública.
Ao justificar o seu voto, Wellington, que é um dos 10 deputados que votaram em defesa dos professores, disse que não poderia “trair a categoria”.
“Foi a educação que me fez ser quem eu sou hoje. Por isso, sei da importância de um professor e, principalmente, de quão difícil é essa missão. Como que eu poderia votar a favor de uma Medida que congela os vencimentos de nossos professores? Como que eu poderia defender a violação do art.32 do Estatuto do Magistério? Se eu fizesse isso, eu estaria traindo a categoria. A certeza que eu, enquanto educador possuo, é a de que sempre votarei a favor dos professores. Isso é questão de coerência. Não se pode falar em educação de qualidade quando professores são desrespeitados e tem direitos violados”, disse Wellington.